BASES DE PREÇO DO CAFÉ NO BRASIL

O Indicador de Preços Cepea/Esalq, utilizado para registrar os preços do café arábica no mercado físico, representa um mecanismo de apoio e referência para análises do mercado cafeeiro, refletindo, indiretamente, as oscilações dos preços no mercado futuro. No caso do café arábica, a comparação entre físico e futuro é favorecida pela similaridade entre o padrão do produto cotado pelo Cepea e o negociado pela BM&F.

Tal Indicador, para o café arábica tipo 6 bebida dura e tipo 7 bebida rio, é formado, diariamente, com base na ponderação dos volumes produzidos de café em cada uma das regiões de referência, sendo elas, Cerrado e Sul de Minas Gerais, Mogiana (São Paulo), Paulista e Noroeste do Paraná, posto na cidade de São Paulo. O valor se refere à saca de 60 quilos, sendo descontado o prazo de pagamento pela taxa NPR (Nota Promissória Rural), não considerando os impostos. Os preços se referem às negociações no mercado físico de lotes (entre empresas) e os indicadores em dólares americanos são calculados pela taxa de câmbio comercial para venda cotado às 16h30min.

O contrato futuro de café arábica negociado na BM&F Bovespa (Bolsa de Mercadorias e Futuros) tem como objeto de negociação o café cru, em grão, de produção brasileira, coffea arabica, tipo 4-25 (4/5), ou melhor, bebida dura, ou melhor, para entrega no Município de São Paulo. A cotação é em dólares americanos por sacas de 60 quilos líquidos, sendo a unidade de negociação 100 sacas de 60 quilos.

Há cinco vencimentos de contratos para o café arábica: março, maio, julho, setembro e dezembro. Os meses dos vencimentos dos contratos futuros de café negociados na BM&F são os mesmos dos contratos futuros de café negociados na bolsa de Nova Iorque, o que permite a prática de arbitragens (compra do café numa bolsa de um país e a venda em outra, aproveitando-se assim as distorções de preços entre as bolsas envolvidas).

Segundo Jurion (1999), empresários de quaisquer setores, industrial ou agroindustrial, estão sujeitos a permanentes riscos tais como o de produzir, ser suprido e preço. No entanto, para alguns segmentos de mercado, tais como para a agricultura e alguns ativos financeiros, existem formas de transferir esses riscos por meio de contratos futuros, fornecidos pela BM&F. O preço BM&F, especificamente para o café arábica, além de fornecer a sinalização futura das cotações, permitindo um melhor planejamento da atividade cafeeira, ajuda a minimizar os riscos de variações adversas nos preços, uma vez que existe uma relação entre os preços no mercado físico e no mercado futuro, sendo que, geralmente, os preços futuros se movem na mesma direção que os preços presentes, como pode ser visto no gráfico.

Os preços futuros são determinados pelos seguintes tipos de participantes, de acordo com a oferta e demanda do produto, tanto no mercado interno, quanto no mercado externo: produtores, consumidores, especuladores e governo. Os produtores geralmente tomam posições futuras em curto prazo contra o declínio dos preços. Os consumidores tomam posições futuras em longo prazo para se proteger contra o aumento nos preços. Já os especuladores se posicionam no mercado com o propósito de obter lucros e o governo assume um papel importante ao desenvolver programas de suporte aos produtores ou quando intervêm no mercado, de modo a ajustar os preços da commodity ou regular os níveis de estoques.

* Renata Almeida Silva – Analista do Bureau do Café/CIM

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