Avanços na seleção de cafeeiros da cultivar Siriema, visando resistência múltipla

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Os trabalhos de pesquisa para desenvolver novas seleções, dentro do material genético de Siriema, foram acelerados nos últimos anos, com avanços nas etapas, agora focando na redução do tempo necessário à disponibilização dessas seleções, para seu uso comercial, pelos cafeicultores.

A cultivar Siriema abrange materiais oriundos de hibridação entre cafeeiros das espécies Coffea arabica (Blue Mountain) e C. racemosa, retrocruzadas com Mundo Novo, trabalho iniciado no IAC, na década de 1970, visando, principalmente, incorporar resistência ao Bicho Mineiro. Sementes de café dessa origem foram plantadas no Campo Experimental do ex-IBC, em Caratinga, onde foram avaliadas, sendo duas plantas, que se mostraram resistentes e com melhor produtividade, utilizadas em cruzamentos, realizados com cafeeiros de Catimor UFV 417, para adicionar características de resistência à ferrugem, maior produtividade, além do porte baixo nas plantas. Esse novo material foi enviado à Fda Experimental de Varginha, na década de 1980, com destaque para a planta 842-4, onde foram aferidas a resistência e derivada nova geração, resultando na seleção de progenies que foram enviadas, para testagem e continuidade da seleção, em Campo na Fda Sto Antonio, em Coromandel-MG, onde, a alta pressão de ataque de Bicho Mineiro facilita essa avaliação. Trabalhos de seleção e novos cruzamentos também tem continuidade na FEX Varginha. Presentemente, já foi derivada a geração F8 deste material. Bons resultados tem sido obtidos dessas sucessivas seleções, com significativos progressos nas novas gerações, algumas compostas por novos híbridos, com obtenção de plantas matrizes excelentes quanto à resistência múltipla e com produtividade semelhante aos padrões comerciais, como o Catuai. Todas essas seleções de Siriema são de porte baixo, algumas de frutos amarelos, outras de vermelhos.

O trabalho de seleção foi orientado em 2 linhas – 1- Desenvolvimento de cultivares com multiplicação por sementes e 2- Clonagem de plantas matrizes de boas características. Como resultado já foram registradas 2 cultivares de Siriema, em 2014 e 2015, sendo a Siriema AS1, de frutos amarelos, na geração F7, onde foi verificada homozigoze para resistência ao BM, assim possibilitando sua reprodução por sementes e a cultivar clonal Siriema VC-4, composta por 4 matrizes(13/36, 7/40, 5/20 e 842-4-2) estas de frutos vermelhos.

A grande dificuldade que agora vem sendo enfocada, nessa fase atual do trabalho, é a reprodutibilidade das características, de resistência e produtividade, na reprodução por sementes nessas boas novas plantas, pois as mudas clonadas, mais caras, tem abrangência limitada e, no momento, tem tido pouca aceitação. Apesar de gerações adiantadas, não se tem homozigose e as sementes das melhores matrizes tem resultado em torno de 70% de plantas resistentes. Assim, para adiantar a multiplicação dessas plantas, foi desenvolvida uma metodologia de infestação já em mudas, em viveiros, com separação daquelas resistentes, para plantio em jardins clonais em maior escala, destinados tanto para coleta de sementes mais adequadas, como para servir para reprodução por estaquia ou micro-estaquia. Estes jardins, clonais ou seminais, já foram instalados, em 2018/19, em Varginha e Coromandel.

O trabalho de multiplicação, para disponibilizar material de Siriema, produtivo e com resistência múltipla, visando controle genético aos dois principais problemas sanitários nos cafeeiros, a praga BM e a doença ferrugem, tem alta prioridade dentro das atividades de P&D da Fundação Procafé, contando com a grande colaboração da Fda Sto Antonio. Ele é muito importante por que, ao longo dos vários anos do seu desenvolvimento, algumas boas características desse material tem se destacado, sendo- 1- Permanência, duradoura, da resistência das plantas. 2- Alto vigor das plantas. 3- Boa tolerância às condições de stress hídrico. 4-Produtividade constante entre safras sucessivas, com ciclo bienal pouco pronunciado. 5- Maturação dos frutos bem precoce.

Foram muitos anos de trabalho – de 1975 a 1988 em Caratinga, de 1989 a 1996 em Varginha, de 1997 a 2020 em Coromandel e Varginha, totalizando 45 anos.

Fonte: Fundação Procafé (Por J.B. Matiello, S.R. Almeida e L. Bartelega- Engs Agrs Fundação Procafé, B. M. Menegucci Bolsista CBPC – Fundação Procafe, Mauricio B. da Silva- Eng Agr MAPA e Carlos H. S. Carvalho, Pesquisador Embrapa-Café)