Avanços biotecnológicos para cafeicultura no Ciência para a Vida

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Estudo realizado por pesquisadores da Embrapa Café (Brasília, DF), Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” (Unesp) e Instituto Agronômico (IAC), instituições integrantes do Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café, isolou dois promotores de plantas de café que permitem direcionar e controlar a expressão de genes a eles associados: o Promotor CalsoR, que atua nas folhas, e o Promotor Caperox, que age nas raízes. Essa é uma das tecnologias prontas das atrações da VII Exposição de Tecnologia Agropecuária – Ciência para a Vida, que ocorre até o próximo dia 2 de maio, em Brasília, DF.

O objetivo é desenvolver plantas geneticamente modificadas de forma segura e eficiente. Segundo a pesquisadora da Embrapa Café, Miriam Maluf, o diferencial da pesquisa, que a torna inédita no universo dos transgênicos, é que os promotores atuam de forma específica na região da planta que necessita de proteção, no caso as folhas e as raízes, e sempre em resposta a um estímulo externo, oferecendo um controle do tipo de OGM (Organismo Geneticamente Modificado). Além disso, há o controle da intensidade da expressão do gene durante o desenvolvimento da planta, ao longo de sua vida.

“É acoplado ao promotor um gene determinado para o que se pretende melhorar na planta, não afetando as demais partes, muito menos o fruto do café. E esse mecanismo só é ativado em caso de necessidade, ou seja, em resposta a um estímulo externo, o que representa mais segurança para os consumidores”. Em outras palavras, o gene só será ativado se tiver algum ataque de agente biótico, que no café é o nematóide da raiz e o fungo das folhas. Outra vantagem é que a técnica também pode ser usada para o melhoramento de várias espécies vegetais de interesse econômico, além do café.

Hoje em dia a engenharia genética é uma grande ferramenta usada pela ciência para o melhoramento de plantas perenes, como o café. No entanto, somente são utilizados promotores constitutivos, que agem em toda a planta, inclusive no fruto, e ao longo do desenvolvimento da planta, mesmo que a necessidade exija proteção contra um único agente externo e num determinado momento. “Essa técnica é a mais convencional, por ser economicamente mais viável, apesar de haverem tentativas de identificar promotores específicos em várias culturas. Mas na concretização prática da pesquisa somos pioneiros”, orgulha-se a pesquisadora.

Na Planície de Tecnologias do Ciência para a Vida, a tecnologia aguarda proposta de empresa que possa comprar a idéia e vendê-la em escala comercial. “A tecnologia tem grande potencial de geração de novos negócios. Estamos otimistas de que, em breve, essa tecnologia vai contribuir muito para a cadeia produtiva do café”, diz a supervisora de Negócios da Unidade, Maria Isabel Penteado. O pedido de patente já foi depositado e aguarda aprovação.

Conheça os promotores – O emprego de técnicas biotecnológicas possibilita, com bastante eficiência, a inclusão de características desejáveis à planta, tais como precocidade e resistência aos fatores bióticos e abióticos. O sucesso dessa operação depende do uso de um bom promotor que garanta uma expressão do gene efetiva e regulada tanto no espaço quanto no tempo. O promotor CalsoR, que age exclusivamente em tecido foliar, controla a expressão de um gene pertencente à família das isoflavonas, que são ativadas por mecanismos de resposta de defesa em plantas superiores submetidas a situações de estresse biótico e/ou abiótico. Já o CaPerox, que atua nas raízes, controla a expressão de um gene pertencente à família das peroxidases, que são ativadas por mecanismos de resposta a estresse biótico e/ou abiótico.

* Flávia Bessa

Fonte: Embrapa Café

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