Assentados de Minas Gerais voltam a apostar no café

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A estabilidade de preços favoráveis na cafeicultura leva pequenos produtores a apostar no cultivo do grão. Isso ocorre após a última crise no setor, que fechou com o ciclo de uma década, afastou esses agricultores do mercado.

Em Patrocínio, Minas Gerais, o assentamento São Pedro conta com 25 famílias cafeicultoras, com cafezais que variam entre dois e oito hectares. A maioria faz parte da Associação dos Pequenos Produtores de Café do Cerrado, criada em 2010. Conforme o presidente da entidade, José Ferreira, os trabalhadores têm conseguido recuperar a sustentabilidade.

– Os preços vinham defasados havia muito tempo. Então, não sei se foi falta de café no mercado, mas deu arrancada este ano. Aí, já fiz uma venda e, graças a Deus, a colheita foi fraca, produziu pouco, mas o preço foi bom e recuperou. Deu para quitar as dívidas – afirma.

O cafezal de Ferreira possui certificação "fair trade", que faz exigências baseadas principalmente nos trabalhos sociais e ambientais. A associação vendeu 2,4 mil sacas certificadas na última safra e obteve bonificação de R$ 90 mil. Deste valor, 25% podem ser utilizados para a melhoria da qualidade na produção.

– Este ano, terei uma safra boa. O café está preparado para 2012, então acho que valeu a pena. E a tendência é fortalecer cada vez mais com esses preços – diz Ferreira.

O consultor de mercado Kássio Fonseca explica que a retomada da cultura pode ser uma alternativa segura aos pequenos agricultores.

– Em função das crises, eles foram ficando em dificuldade e acabaram sendo engolidos por alguns médios e grandes produtores. Hoje, com esses preços interessantes que estão voltando no mercado, esses pequenos produtores podem ficar interessados de novo na cultura do café. Apesar dos custos estarem elevados, se eles forem profissionais na cultura, vão conseguir se manter – aponta.

O assentado Odair José de Souza relara que enfrenta o desafio de tornar a terra produtiva. Começou há 10 anos, com a tradicional produção de leite, com oito vacas e 80 litros por dia.  Resolveu diversificar, introduzindo um cafezal. Mas faltou experiência e principalmente condições de cuidar da produção. O cafezal ficou no abandono e ele perdeu o melhor momento de bons preços.

– Na época, estava sem condições e tirava pouco leite. Faltava adubo, fazer a pulverização na hora certa. Não tinha trator. Quando é pequeno, damos um jeito, mas a gente não dá conta quando cresce – revela.

Entretanto, Souza comprou uma variedade mais resistente e as mudas estão separadas para iniciar o plantio de um novo cafezal. Já seu vizinho, Valdemar Egídio da Silva, sempre foi  produtor rural. Está no assentamento há cinco anos.

– Se não se dedicar, a gente não consegue. O objetivo que estamos atingindo hoje iniciou  manualmente. Três anos praticamente manual. Hoje, já melhorou, consegui trator e implementos para tocar a atividade – diz.

Fonte: Canal Rural

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