ARTIGO: Testando as bandas enquanto o inverno não vem

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Por Marcelo Fraga Moreira*

O Set-21 terminou a semana @ 151,90 centavos de dólar por libra-peso após trabalhar o período com uma amplitude de 1045 pontos – máxima/mínima respectivamente @ 159,60 / 149,15 centavos de dólar por libra-peso (no mês de junho, até a sexta-feira, a amplitude chegou a 1.950 pontos – máxima/mínima 168,65 / 149,15 centavos de dólar por libra-peso).

Nas duas primeiras sessões da semana o Set-21 chegou a cair -640 pontos com fundos/especuladores ajustando as posições e “jogando” o mercado para baixo, buscando romper os importantes suportes das médias móveis dos 9/17/50 dias. Foram negociados +76.065 lotes na segunda-feira e +62.238 lotes na terça-feira. Na quarta-feira, após os rompimentos dos importantes suportes dos 9 e 17 dias o mercado chegou a “respirar” e fechou com alta de +260 pontos para novamente “derreter” na quinta-feira -460 pontos (mesmo com o Real negociando nos 5,00 R$/US$). Na sexta-feira finalmente o mercado testou e respeitou a média móvel dos 50 dias @ 149,40 centavos de dólar por libra-peso, chegando a negociar na mínima do mês @ 149,15 centavos de dólar por libra-peso. Essa reversão no final do dia deu novos ânimos para os produtores. Próxima semana promete fortes emoções!

O indicador estocástico chegou a trabalhar na região “extremamente” sobre vendido e também deu sinal de compra no final do pregão da sexta-feira (mesmo com o Real voltando a valorizar frente ao US$ negociando na mínima do ano @ 4,98 R$/US$ e fechar a semana @ 5,07 R$/US$).

O mercado estava aguardando notícias para “realizar” e conseguiu (mesmo com volume relativamente baixo). A semana começou com noticias positivas para os “vendidos” vindas da Colômbia (término da greve de 48 dias e a retomada das exportações); com o relatório do Citi (projetando preços para o segundo semestre de 2021 ao redor dos 165 centavos de dólar por libra-peso); com previsões climáticas positivas para o Brasil (previsão de novas chuvas para as principais zonas produtoras brasileiras e sem previsões de geadas para os próximos 15 dias); e finalmente novo relatório do Itau-BBA (seguindo os números do USDA e projetando uma safra acima dos 56 milhões de sacas). Por outro lado, a cooperativa COCAPEC (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuarista) divulgou nova expectativa para receber um volume -55% referente a safra 20/21 (800 mil sacas x 1,8 milhões de sacas). E com os produtores reportando problemas com o rendimento e qualidade dos seus cafés.

A colheita continua avançando no Brasil com aproximadamente 35% já colhido. Por enquanto produtores estão honrando seus compromissos com as cooperativas e tradings. E, segundo algumas fontes, já estão sendo realizados vários acordos e rolagem de entrega do produto para as próximas safras 22/23 e 23/24 entre as partes afetadas pela quebra desse ano.

Com a queda do mercado os compradores se retraíram e as indicações para compra voltaram para o intervalo entre 700-850 R$/saca (dependendo da qualidade/local entrega do produto). Produtores seguem vendendo “da mão para a boca”, vendendo o mínimo necessário para pagar as contas da semana e aguardando o avanço da colheita (com um olho no campo e o outro no céu) e preços acima dos 900 R$/saca.

No Brasil, oficialmente o inverno começará na próxima segunda-feira (dia 21 de Junho). O frio já se antecipou e já ocorreram quedas das temperaturas nos Estados do Paraná, São Paulo, Minas Gerais e Espirito Santo. Temperaturas próximas de “zero” já ocorreram em algumas regiões e algumas leves geadas também.

O mercado segue otimista para o segundo semestre, e a grande preocupação continua sendo com o risco de geadas (entre 21 de junho a 15 de agosto). As chuvas também precisam ser monitoradas de perto pois a crise hídrica continua crítica podendo afetar a safra 22/23!

Com o avanço da vacinação nos EUA e Europa as projeções para a retomada da economia e do aumento do consumo para café continuam otimistas. Caso houver alguma disruptura na oferta mundial, novo evento climático afetando a produção nos principais produtores mundiais (Brasil, Vietnam, Colômbia) poderemos ver preços explosivos a partir do segundo semestre 2021.

No Set-21 próximos suportes @ 149,40 e 142,80 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 156,60 / 159,60 / 165,50 e 168,65 centavos de dólar por libra-peso.

No Set-22 próximos suportes @ 155,20 e 153,60 centavos de dólar por libra-peso e resistências @ 164,00 / 168,00 / 175,00 centavos de dólar por libra-peso.

“Sugestão da semana”: No Set-21 analisar a compra da “Call” strike +150. Essa opção de compra fechou @ 9,53 c/lb (aproximadamente 64 Reais/saca) e deixa o produtor protegido e participando em 100% da alta no caso algum evento climático ocorrer (geadas) nos próximos 45 dias!

MUITO CUIDADO: o inverno e os riscos das geadas começaram!

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Ótima semana a todos!

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.
** “Call” = opção de Compra
** “Put” = opção de Venda
** “Compra Call-Spread” = compra e venda simultânea de 2 Opções de Compra comprando a Opção com preço de exercício mais baixo vendendo a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Venda Call-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Compra vendendo a Opção com preço de exercício mais baixa e comprando a Opção com preço de exercício mais alto);
** “Compra Put-Spread” = compra e venda simultânea 2 Opções de Venda comprando a Opção com preço de exercício mais alto e vendendo a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “Venda Put-Spread” = venda e compra simultânea 2 Opções de Venda vendendo a Opção com preço de exercício mais alto e comprando a Opção com preço de exercício mais baixo);
** “CFTC” = Commodity Futures Trading Commission – agência independente do governo dos Estados Unidos que regula os mercados de futuros e opções das commodities;
** “IBGE” = Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
** “Cecafé” = Conselho dos Exportadores de Café do Brasil

Fonte: Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda