ARTIGO: ROBÉRIO OLIVEIRA ASSUME DIREÇÃO DA OIC

Delegação brasileira na Organização Internacional do Café (OIC)

O Brasil, principal produtor e exportador de café do mundo e segundo maior consumidor, assumiu mais uma vez a direção-executiva da Organização Internacional do Café (OIC). O economista mineiro Robério Oliveira Silva, que dirigia o departamento de Café do Ministério da Agricultura do Brasil, assumiu o cargo no dia 29 de setembro, em Londres.

Os méritos de Robério são indiscutíveis. Todo o setor cafeeiro, além dos países produtores e consumidores do café reconheceram a experiência e a capacidade dele. Mesmo assim, as dificuldades foram muitas até que Robério fosse eleito por aclamação.

A Índia, país com pequena produção e sem tradição no consumo de café, apresentou o indiano G.V. Krishna Rau. Por sua vez, o México, pequeno produtor e também sem nenhuma expressão no consumo, resolveu lançar o candidato Rodolfo Trampe Taubert.

A maior surpresa foi o apoio dos Estados Unidos, que possui grande representação entre os países consumidores e muita força política na Organização, ao mexicano. Além disso, Taubert também tinha o apoio da maioria dos países da América Central e o apoio declarado de países fortes da União Europeia, como a Espanha e a Alemanha.

Este panorama, além de surpreendente, colocava o Brasil em uma posição de nítido enfraquecimento político na Organização. Quem apoiava o Brasil era a Colômbia e os países produtores da África.

No primeiro dia (26/09) da 107ª sessão do Conselho Internacional do Café, cujos 77 países membros se reuniram a portas fechadas na capital britânica, os três candidatos expuseram suas metas para a OIC. Segundo entendimento dos três, principalmente do brasileiro, a administração interna deve ser modernizada.

Nas exposições dos candidatos, ficou evidente o preparo do Robério e sua atualização em termos de café e, principalmente, na defesa de metas universais que possam dar a OIC as condições que ela não possui atualmente. A OIC não se justifica tal como ela é hoje. Robério tem todas as condições para as necessárias mudanças.

Inúmeras reuniões foram feitas pela delegação brasileira para avaliação da situação política e análise das posições a serem tomadas. Com a possibilidade de uma derrota ou de um impasse, questionamentos quanto a continuidade do Brasil na instituição foram feitos pelos próprios brasileiros.

A delegação do Brasil era chefiada pelos embaixadores Valdemar Carneiro Leão e Vinícius Pinta Gama. Além deles, também participaram o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Vicente Fernandes Bertone; o assessor especial do Ministério da Agricultura, José Gerardo Fontelles; o senador Ricardo Ferraço (PMDB/ES); os deputados federais Eduardo Azeredo (PSDB/MG) e Carlos Melles (DEM/MG), atual secretário de Estado de Transporte e Obras Públicas; e os parlamentares estaduais mineiros Ulysses Gomes (PT) e eu.

Além das reuniões na OIC, também tivemos uma outra com o embaixador do Brasil em Londres, além de um encontro dos parlamentares brasileiros com os deputados mexicanos. Essa última reunião teria sido muito positiva para o desfecho a favor do Brasil. Os candidatos da Índia e do México retiraram suas candidaturas.

Portanto, o Brasil volta a ocupar o cargo máximo na Organização Internacional do Café (OIC). O país comandou a entidade desde a fundação em 1962 até 2002, quando o governo brasileiro, em cima da hora, retirou a candidatura de Oswaldo Aranha Neto. De 2002 até o ano passado, a OIC foi comandada pelo colombiano Nestor Osorio, que renunciou ao cargo para tornar-se embaixador da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Desde então, o brasileiro José Sette tinha assumido como o diretor-executivo interino.

A eleição de Robério é mérito para o Brasil, mas, principalmente, mérito para os mineiros. Afinal, somos o Estado de maior produção do setor.

* Deputado estadual Carlos Mosconi (PSDB) é presidente da Comissão de Saúde da ALMG; secretário-geral do PSDB-MG; foi vice-presidente do Conselho Nacional do Café; foi deputado federal por quatro mandatos; e está na 2ª legislatura de deputado estadual.

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