ARTIGO: Freio na demanda?

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Por Marcelo Fraga Moreira*

Mercado continuou sem forças para superar os 100 centavos de dólar por libra-peso no vencimento Julho-20. As últimas sessões vêm sendo bem voláteis, com mercado oscilando diariamente 200-300 centavos de dólar por libra-peso entre a mínima e máxima do dia. Fundos aumentaram a posição “vendida” e com base no último relatório publicado estão vendidos agora em “apenas” -17.500 lotes (tendo espaço para aumentar a posição e forçar o mercado a testar novas mínimas no curto prazo).

Com a entrada da safra e com a queda das cotações na bolsa de Nova Iorque os preços pagos ao produtor recuaram para 460/470 R$/sc voltando a colocar o mercado próximo ao custo de produção (quem teve disciplina, esteve atento, não foi ganancioso e conseguiu realizar as fixações para as próximas safras quando o mercado deu oportunidade agora esta “rindo sozinho”)!

A colheita no Brasil caminhou bem com aproximadamente 30% já colhida (ocorreram alguns atrasos pontuais em algumas regiões devido as chuvas). Condições climáticas seguiram positivas com as temperaturas na semana oscilando entre +10/+30 graus celsius. Previsões metereológicas para os próximos 15 dias também seguem positivas sem riscos de geadas!

No cenário macro, novamente tivemos oscilações nos mercados globais após o Banco Central Americano (FED) manter as taxas de juros entre 0-0,25% ao ano e demonstrando preocupação com a recuperação da economia global. As novas projeções do PIB, dependendo da fonte – FMI/FED/OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) estão prevendo que o produto interno bruto para os Estados Unidos deverá ficar entre -3%/-4%; Europa entre -4%/-5% e Brasil entre -6%/-9%!

Receio de uma segunda onda de contágio da pandemia com a imposição de novas restrições de movimentação da população/fechamento comércio/redução de vôos levou o petróleo WTI a cair -10% na semana, a bolsa de Nova Iorque a cair -6,80% na quinta feira (maior queda diária dos últimos 3 meses), e levou o Real a desvalorizar novamente saindo de 4,85 R$/usd para 5,05 R$/usd (uma desvalorização de +4% em 2 dias)!

De volta ao café, as chuvas continuaram caindo nos principais países da América Central (Colômbia/Venezuela/Honduras/Costa Rica/México dentre outros) e também na Indonésia e Vietnam. Essa umidade vem sendo considerada satisfatória para o desenvolvimento das lavouras para as próximas safras 20/21 e 21/22, resultando em aumento na oferta. Como falamos semana passada o USDA esta prevendo uma oferta superior a 8 milhões de sacas!

Esse novo quadro preocupante com a reabertura da economia, quais serão os novos hábitos de consumo, aumento do desemprego, redução do poder aquisitivo da população, potêncial aumento na produção, seguimos cautelosos e “baixistas”!

Seguimos recomendando compra de Calls (Calls – opções de compra) no Setembro-20 (U-20), em escala de baixa (conforme mercado for caindo ir ajustando o nível da “strike da call”) para proteção contra risco de geadas até dia 10/15 de julho e eventual chamada de margem. Com base no fechamento de sexta-feira, 12 de junho, era possível a compra da Call de 107,50 centavos de dólar por libra-peso vendendo Put (opção de venda) no Dezembro-20, strike de 87,50 centavos de dólar por libra-peso a custo zero!

Para safra 21/22 seguimos recomendando compra de um Put Spread (proteção contra mercado vir a cair) com preço de exercício de 105 x 90 centavos de dólar por libra-peso no Setembro-21 vendendo Call de 130 centavos de dólar por libra-peso no mesmo vencimento, junto com o hedge cambial para não ficar exposto ao câmbio!

No médio prazo vemos o Real podendo trabalhar entre 5,54 R$/usd e 4,58 R$/usd.

Boa semana a todos!

*Marcelo Fraga Moreira é um profissional há mais de 30 anos atuando no mercado de commodities agrícolas, escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting.

Fonte: Archer Consulting – Assessoria em Mercados de Futuros, Opções e Derivativos Ltda