América Latina se prepara para a entrada da China no comércio de café

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A província de Yunnan (oeste) concentra 90% do total da produção da China, que exporta 45.000 toneladas de café por ano, e se prepara para um crescimento exponencial das plantações que, lentamente, vão ganhando o espaço das lavouras de chá. Diante desse panorama, a Colômbia, segundo produtor mundial de café depois do Brasil, trabalha em um projeto para se somar ao desenvolvimento da indústria da China.

"Assim como a Holanda é o principal fornecedor de conhecimento e serviços na indústria de horticultura da China, a Colômbia poderia desempenhar um rol similar na de café", disseram fontes da Proexport, do escritório comercial da Embaixada colombiana em Pequim. Ao mesmo tempo, disseram que há empresas colombianas exportando equipamentos e maquinaria à China para o processamento dos grãos.

Outro dado importante é a evolução no consumo de café no país asiático que, embora esteja bem atrás do consumo anual de chá de 700.000 toneladas, cresce a um ritmo de 20% a 30% anual há dez anos, segundo estatísticas de associações de produtores locais, o que torna o país um mercado atrativo.

"A China é um mercado novo para o café. Apesar do consumo crescer cerca de dois dígitos por ano, ainda é muito baixo, mas esperamos que siga evoluindo como seus vizinhos, o Japão e a Coreia", disse o representante na China da Federação Colombiana de Produtores de Café, Wu Jiahang.

A Costa Rica, outra interessada, vê o crescimento no consumo como uma oportunidade para seu produto, e o país promove seu café a partir da qualidade. "A vantagem da China é que sempre existirão segmentos de consumidores que buscam a qualidade como elemento de distinção e, lá, os nichos são muito grandes", disse o diretor de exportações da Costa Rica para a China, Juan Carlos Martínez, que disse que confia que seu produto crescerá rápido no país asiático.

De fato, nos últimos anos, começaram a se somar aos investidores locais – em sua maioria, agricultores e pequenos empresários – capitais estrangeiros, disse o vice-secretário da Associação de Café de Yunnan (ACY), Li Gongqin. "No ano passado, começaram a entrar empresas internacionais reconhecidas como Starbucks, que agora envia mais de 80% de seus produtos ao estrangeiro".

A rede de cafeterias norte-americana adquiriu sua primeira fazenda na China, alertada pelo preço crescente de sua matéria-prima, e planeja apostar forte na produção do país asiático. Em novembro passado, a companhia fechou um acordo estratégico com as autoridades de Yunnan, que se comprometeram a investir 3 bilhões de Yuan (US$ 469,67 milhões) no setor de café. Dessa forma, a superfície cultivada de café crescerá dos atuais 26.700 hectares para 100.000 hectares e a produção passará de 38.000 toneladas anuais para 200.000 até 2020.

No entanto, Jiahang vê pouco claro o futuro da China como potência mundial na produção de café pela instabilidade do preço do produto nos mercados internacionais. "Os governos locais estão impulsionando o cultivo, porque o preço do café está hoje em um nível muito elevado. Porém, isso é cíclico e estacionário, de forma que terá que ver se vai se manter o incentivo e o nível de investimento quando o preço baixar abruptamente". No entanto, ele disse que o mercado de café no país asiático será "um dos mais importantes do mundo em médio prazo" pelo crescimento no volume de consumo.

Agência EFE
Fonte: ABIC

 

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