América Central aposta no café individual e de alta qualidade

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A cafeicultora costarriquenha Susana Trejo viu desaparecerem plantações vizinhas às suas, com os altos e baixos nos preços do café, e seu plano para sobreviver é transformar a bebida em um produto exclusivo, como os bons vinhos.            

A plantação de Susana é parte de um crescente movimento na América Central, no qual os cafeicultores estão deixando de lado a figura dos intermediários. Agora, os produtores se encarregam de moer os grãos e contatar diretamente os torrefadores de grãos especiais que estão dispostos a pagar boas somas por um produto de qualidade.

Em 2002, a Don Ramón Coffee Estate, propriedade da família Trejo e localizada ao sul do país, quase ficou fora do negócio, depois que os preços globais do café entraram em colapso e um moinho local encerrou as atividades. A família conseguiu salvar sua propriedade e construir seu próprio moinho, no qual pode controlar a qualidade e oferecer o que solicita os clientes mais exigentes do mundo. "O que fizemos foi evoluir para não desaparecer, inovando com uma marca de café que era própria", disse.

A tendência é conhecida como "comércio direto" e compete com outras ferramentas de mercado, como as etiquetas de certificação ou de produto orgânico, que buscam seduzir aos conhecedores do mundo do café. "Existe uma mudança: já não é um produtor de café, é um empresário do café", disse Francisco Mena, comerciante que reúne cafeicultores e torrefadores em seu elegante escritório na capital San José.

Mena dirige simpósios para produtores que buscam elevar a qualidade de sua "xícara". Os produtores podem vender o café de alta qualidade a compradores estrangeiros com prêmios de até 1,50 dólar por libra, ou seja, acima do nível de mercado (bolsa de Nova Iorque). Também podem alcançar bons preços em leilões pela internet. Os conhecidos grãos da variedade "geisha" do Panamá, descrito no mundo do café como a champanhe cafeeira, por seu sabor sutil que lembra jasmim, alcançaram um recorde de 170,20 dólares por libra no ano passado em um leilão na rede.

Thomas Nottebohm, diretor da Associação de Exportadores de Café da Guatemala, indicou que a Starbucks comprou menos café da Guatemala e da Costa Rica, fato que deixa muitos produtores em busca de alternativas. O Instituto de Café da Costa Rica apontou que o país tem vários "micro moinhos", máquinas que conseguem processar os grãos do café em propriedades individuais. Os créditos bancários com taxas de juros aos produtores para comprar equipamentos também já são oferecidos.

Compradores de grãos especiais, como a Intelligentsia Coffee & Tea, com sede ns Estados Unidos e compra café na América Latina, África Oriental e Indonésia. A empresa justifica que seus clientes desejam poder rastrear seus grãos em uma propriedade apenas e que, dessa forma, se distanciam, das cooperativas, por exemplo. "Eles querem estar seguros de que a terra é bem cultivada, que pode haver uma safra boa no ano, entre outros aspectos", sustentou Sarah Kluth, compradora de cafés da Intelligentsia.

Fonte: Diário Agrícola 

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