Alta dos preços anima produtores do PR a replantar o café destruído pelas geadas

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Em momento de oferta global apertada, o preço do café disparou nos últimos dias na Bolsa de Nova York e, em consequência, no Brasil atingiu os melhores preços desde maio de 2011. Ontem, a Cooperativa Agroindustrial de Mandaguari (Cocari) começou o dia negociando a R$ 5,66 o quilo e no final do dia os cafés de melhor padrão já eram negociados a R$ 5,76.

Em Maringá chegou a R$ 7,75 e em Apucarana R$ 5,60. Tanto a cooperativa quanto os cafeicultores estão confiantes que os preços continuarão subindo e, devido à escassez de café no mundo no momento, passarão dos R$ 7,75 pagos em maio de 2011.

Nas últimas duas semanas a procura superior à oferta vem puxando as cotações da commodity, com grandes indústrias da Europa e Estados Unidos aceitando pagar mais. Com isto, aumentou a especulação, especialmente com a entrada dos bancos e dos fundos de pensão, que têm forte participação no mercado.

O aumento dos preços deve-se especialmente à quebra da safra de Minas Gerais e Espírito Santo, hoje os maiores produtores do mundo de cafés de qualidade, devido a uma longa estiagem que compromete a safra deste ano e a de 2015, também houve quebra na Colômbia devido a um terremoto nas áreas produtoras, além de um longo período de seca.

“Não é sonhar muito achar que os preços podem chegar aos patamares de 2011, pois falta café hoje no mercado e a safra de 2015 também está comprometida”, lembrou ontem o responsável pelo setor de café da Cocari, engenheiro agrônomo Roberval Simões Rodrigues. Para ele, os bons preços podem “animar os produtores a insistirem no café, principalmente aqueles que estão desistindo da cultura após as geadas de seis meses atrás”.

Com pés de café arrancados, recepados ou esqueletados após serem queimados pelas geadas, a região produtora do Paraná, que tem os municípios de Mandaguari, Jandaia do Sul, Apucarana, Arapongas, Cambira, Rolândia e Londrina como polos, deve ter uma safra entre 80% e 85% menor do que teria sem as geadas do ano passado, muitos produtores tiveram que vender parte do café estocado para pagar dívidas e alguns pensavam em sair da atividade, “mas com a reação dos preços tem gente desistindo de desistir”, como disse o produtor Jaime Rosseto, de Mandaguari.

Sua família planta café na região há 70 anos e teve perda de 100% da safra que deveria começar em junho, deve colher muito pouco também no ano que vem, ainda em consequência das geadas. “Quem é cafeicultor sofre, perde uma safra aqui outra ali, mas não desiste”.

Jaime e seus irmãos tiveram que arrancar parte do cafeeiro e só não arrancaram mais porque os viveiros da região não tinham mudas em quantidade suficiente para fazer o replantio. “Tivemos que recepar (cortar a 10 centímetros do solo) uma parte, esqueletar (poda rigorosa) outra, mas ainda plantamos 50 mil mudas”.

Os irmãos Fernando e Paulo Sérgio Lopes, donos de 400 mil pés em diferentes pontos do norte do Paraná, também terão que substituir cafeeiros onde a geada negra foi mais contundente. Eles próprios já prepararam 50 mil mudas das variedades Catuaí, Mundo Nova e IPR-100 e estão esperando a hora certa de iniciar o plantio. No ano que vem os Lopes prepararão mais 50 mil mudas”.

Fonte: Blog Luiz de Carvalho – O Diário

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