Alta do preço do café não chega ao consumidor

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O consumidor brasileiro ainda não sentiu no bolso a disparada dos preços do café no campo. A indústria não consegue repassar o maior valor cobrado pelos cafeicultores ao varejo e está com margens apertadas.

Segundo pesquisa da Folha, a saca de 60 quilos de café de boa qualidade subiu 70% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro, em média, no país. No mesmo período, o preço do café moído aumentou só 2,6% no varejo, conforme o IPCA (índice oficial de inflação) divulgado nesta semana.

No caso do café solúvel, o valor pago pelo consumidor chegou a cair 1,5% em 12 meses. Já o cafezinho consumido fora do lar subiu 7,6%, possivelmente influenciado pela expansão do mercado de cafés especiais.

O diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria do Café), Nathan Herszkowicz, diz que a forte concorrência entre as marcas dificulta o repasse para o varejo do aumento de custos com a aquisição da matéria-prima. "Ninguém quer ser o primeiro a aumentar o preço", afirma.

O curioso é que, nos últimos anos, cresceu a concentração na indústria do café, o que, na teoria, facilitaria os reajustes. Em 2010, as dez maiores indústrias concentraram 75% da produção dos associados da Abic. Em 2002, responderam por 42%.

"No caso do café, acontece o contrário. A concentração acirrou a concorrência entre as líderes", avalia Herszkowicz. Já a concentração no varejo dificulta, sim, o repasse, diz o representante da indústria. "Como há poucas grandes redes, há um elevado poder de negociação."

Herszkowicz diz que a situação é crítica na indústria, que está com a rentabilidade "corroída". Neste mês, a alta no campo continua. O preço médio da saca beira R$ 470 -mais 9% ante janeiro.

"O preço no varejo precisa evoluir no mínimo 25% para a indústria recuperar a condição operacional", diz.

Fonte: Folha de São Paulo

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