ALIMENTOS PRESSIONAM INFLAÇÃO, E CAFÉ AJUDA

O crescimento do PIB chinês no primeiro trimestre do ano foi de 9.7%, apenas 0.01% abaixo do último trimestre de 2010, mas acima do esperado 9.4% de aumento pelos analistas. 

Os índices inflacionários da Índia e da China para o mês de março foram de 8.98% e 5.40% ao ano respectivamente, respaldando as medidas de aperto monetário que os países têm tomado. Ao mesmo tempo não há indicações de arrefecimento da inflação, isto porquê os preços dos alimentos, principais responsáveis pela alta nos números, continuam subindo. 

A preocupação da volatilidade dos preços das commodities foi um dos itens discutidos no encontro entre os chefes de estado de BRIC e África do Sul na semana, que pediram maior regulamentação dos mercados de derivativos – como se isto resolvesse a questão dos estoques baixos para a maior parte dos produtos. 

Na Europa os títulos gregos e portugueses tiveram forte queda depois do comentário do ministro das finanças alemão de que os débitos podem ter que ser “renegociados”, limitando provisoriamente maiores ganhos do Euro. 

Os principais índices dos ativos de risco fecharam em baixa na semana, porém isoladamente alguns ativos, como o café, subiram mais uma vez. 

O contrato “C”em Nova Iorque teve ganhos de US$ 17.53 por saca (na tela de julho), e na BM&F subiu US$ 18.85 por saca (setembro), enquanto em Londres o preço não moveu. Como consequência a arbitragem entre os contratos de robusta e do arábica abriram mais uma vez para US$ 176.43 centavos, ou uma diferença de US$ 233.38 por saca de 60 quilos! 

A recuperação significativa do preço na ICE nas últimas 9 sessões, que saiu de US$ 256.05 centavos para US$ 288.10 centavos, impressiona não apenas pela dimensão mas pelo volume negociado, que excluindo os spreads foi bem aquém do que muitos esperariam. Há uma semana atrás, na primeira pernada da alta, o mercado subiu US$ 7.00 centavos com menos de 2 mil lotes negociados, e repetiu os números algumas sessões depois. Dizer que apenas os fundos/especuladores são responsáveis pela alta seria injusto, já que vimos uma modesta compra dos comerciais, porém chama a atenção quão pouca novas vendas de comerciais tem aparecido. 

Em outras palavras o mercado continua leve, em parte porquê as origens tem pouco a vender, e o que tem querem receber mais pelo seu café – vide o movimento melhor no físico nesta semana depois que Nova Iorque foi acima de 280 centavos. Os torradores por outro lado fixam apenas o curto prazo, e sua demanda no FOB tem sido pontual, comprando algo quando aparecem ofertas interessantes (com volumes também inexpressivos). 

Chuvas na Colômbia podem atrasar a safrinha, e alguns culparam isto para justificar o movimento. Outro fator que muda um pouco o mercado é a quase certa revisão dos créditos do PIS/COFINS no Brasil, o que forçará um repasse de preços aos importadores. 

Também altista agora há a parte técnica, que está com uma formação de ombro-cabeça-ombro positiva, e a pouca reação dos diferenciais que caíram quase nada com a subida – mais uma vez refletindo as ofertas limitadas. 

O fechamento da semana indica que o mercado vai tentar fazer uma nova alta, apesar de um renomado banco de investimentos ter indicado que está reduzindo sua exposição em commodities no curto-prazo (embora não tenha falado nada do café especificamente). 

O receio volta a ser um (novo)aperto do fluxo de caixa caso uma alta violenta aconteça, que machucará um número menor de participantes pois muitos aproveitaram as baixas para comprar proteção com opções. 

A estrada continuará turbulenta, cuidado. 

Uma ótima semana e muito bons negócios para todos,

* Rodrigo Corrêa da Costa escreve este relatório sobre café semanalmente como colaborador da Archer Consulting  

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