Agricultura pode ser reduzida em R$ 7 bi

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Embrapa aponta que o Brasil pode ter a produção agrícola reduzida em R$ 7,4 bilhões, no prazo de dez anos, em função das alterações climáticas. Os prejuízos se concentrariam nas regiões Nordeste e Sul. Pesquisas para a criação de vegetais resistentes ao aquecimento global avançam no Brasil

Pedro Alves

Se o cenário atual de aquecimento global e os atuais modos de produção agrícolas forem mantidos, o Brasil poderá reduzir em R$ 7,4 bilhões a produção agrícola nacional, dentro dos próximos dez anos.

Quem faz o alerta é o assessor técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Eduardo Delgado, que discorreu sobre o assunto ontem durante o terceiro dia da Segunda Conferência Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (Icid+18), que acontece em Fortaleza desde a última segunda-feira.

Segundo ele, a redução da produção agrícola significaria prejuízos para a economia do País e acentuaria o problema da má distribuição alimentar que o Brasil já enfrenta.

A Embrapa acumula uma década de pesquisas que identificam a vulnerabilidade brasileira ao processo de aquecimento global, em termos de produção de alimentos. Os estudos, realizados em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), apontam que as atuais alterações climáticas devem criar condições difíceis para a produção agrícola, principalmente nas regiões Sul e Nordeste do Brasil, o que prejudicaria as lavouras de algodão, cana-de-açúcar, mandioca, feijão, arroz, milho, soja e café.

As alternativas que o governo brasileiro estuda para amenizar os impactos desse fenômeno foram apresentadas ontem por Eduardo: “Para evitar uma forte redução na produção de alimentos, precisamos desenvolver a adaptação dessas culturas ao novo clima”. Essa adaptação deve acontecer, segundo o pesquisador, através de alterações no DNA dos vegetais. “As alterações genéticas são feitas no objetivo de produzir plantas mais resistentes às temperaturas mais altas e à deficiência hídrica”, conta ele.

As pesquisas científicas no Brasil não estão distantes dessa realidade. “O Brasil já possui quatro cultivos de feijão resistente às altas temperaturas, feitas no Paraná. Brevemente vai sair um cultivo de café tolerante às temperaturas mais altas. Também está para ficar pronto um cultivo de soja resistente”.

O pesquisador falou sobre o risco alimentar brasileiro, ontem, para dirigentes de governos e instituições francesas, nigerianas, egípcias e senegais. Juntos, os representantes desses países discutiram sobre a segurança alimentar em termos mundiais. Na discussão, segundo ele, foi apontada a necessidade de mudança no atual estilo de vida das populações.

Fonte: O Povo

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