‘Acho mais fácil trabalhar nas lavouras do que dar aula’, diz professora que sonha voltar para a roça em MG

Imprimir
Professora deixou o campo para "ganhar a vida' e agora sonha em retornar em Guaxupé (Foto: Viola Júnior)
Professora deixou o campo para “ganhar a vida’ e agora sonha em retornar em Guaxupé (Foto: Viola Júnior)

Uma professora de português de Guaxupé (MG) trocou a vida no campo pela cidade em busca de dias melhores, mas não deixou para trás as raízes da cafeicultura, que vêm desde a infância. Maria José Lopes fez a vida longe das lavouras da família, mas acabou retornando e até superou um acidente para fazer o que mais gosta: produzir café. Enquanto se divide entre a roça e a cidade, ela sonha em voltar definitivamente para cuidar da sua plantação.

“Meus pais sempre moraram na roça, cresci no meio de cafezais e vacas e, desde pequena, já ajudava minha família nos afazeres. Todos queriam ir morar na cidade, comprar um carro, os valores estavam mudando e comigo não foi diferente. Me casei, meu ex-marido era da cidade, com ele tive uma filha e acabei me mudando também. Me tornei professora de português, mas nunca abandonei minhas terras, tenho paixão pela vida no campo”, diz Maria José.

Conhecedora de todo o processo, do plantio à colheita, a agricultora revela que gosta de por a “mão na massa” e cuida sozinha da lavoura de 18 mil pés de café catuaí que possui em duas propriedades. É comum vê-la com uma roçadeira em mãos limpando a área em volta das plantações ou adubando a terra para um novo plantio.

“Prefiro eu mesma fazer, além do prazer que sinto é muito difícil contratar alguém e o serviço sair conforme a gente quer. Acho mais fácil trabalhar nas lavouras do que dar aula, aqui a gente tem como fazer as coisas conforme queremos, em uma sala de aula cada aluno tem uma particularidade, cada um aprende de uma forma”, diz a professora e cafeicultora.

Maria José faz todo o tratamento na lavoura com 18 mil pés de café em Guaxupé (Foto: Viola Júnior)

Em 2016, Maria José sofreu um acidente voltando de suas terras. Por ironia, colidiu com um ônibus de transportes de alunos da zona rural quebrando um braço e uma perna. O acidente deixou sequelas em seu braço dificultando o manejo de equipamentos agrícolas, mas ela não desanimou.

“Hoje não dá mais para carregar um saco de café ou empunhar uma roçadeira desse tamanho, vou ter de contratar alguém para me ajudar, mas o que puder fazer sozinha continuarei fazendo”, explica a cafeicultora, que conta os dias para voltar a morar em seu sítio. Ainda na cidade, ela espera apenas a filha Vitória ir estudar fora para realizar sua grande vontade.

Para a cafeicultora de 52 anos, é no trabalho pesado do dia a dia das lavouras que ele encontra prazer.
“O trabalho na lida do campo é fácil, não tem segredo, basta gostar do que se faz. O difícil mesmo é a venda, comercializar o café dá mais trabalho que plantar e colher, não tenho tempo de ficar olhando cotações todos os dias”, completa Maria José.

Professora e cafeicultora diz que o trabalho no campo não tem segredo, quando se gosta do que se faz. (Foto: Viola Júnior)
Professora e cafeicultora diz que o trabalho no campo não tem segredo, quando se gosta do que se faz. (Foto: Viola Júnior)

Fonte: G1 Sul de Minas (Por Viola Júnior)

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *