“Ação combinada” é necessária para recuperar setor de café da África

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O setor de café da África requer um “esforço combinado” para impulsionar seus ganhos e sair de um declínio que tem visto sua participação na produção mundial cair para menos da metade e suas exportações também caíram, em quase 90% desde 1990.

O café é um enorme empregador no continente, com um número estimado de 12,1 milhões de produtores – mais do que no resto do mundo junto. Entretanto, o setor está em um declínio de longo prazo, exibindo um “crescimento negativo nos últimos 49 anos”. Há, ainda, uma queda particular desde o colapso em 1989 dos controles do mercado global de café, informou a Organização Internacional de Café (OIC).

A produção de café da África caiu de uma média de 19,4 milhões de sacas entre 1965-1966 a 1988-1989, para 16 milhões de sacas, reduzindo sua participação na produção mundial de 25% para 14%.

A indústria enfrenta “enormes desafios à sua sustentabilidade”, disse o relatório, definindo sustentabilidade em termos econômicos, bem como ambientais e sociais, e destacando a importância dos produtores ganharem uma “margem de lucros aceitável”.

“A questão que precisa ser resolvida é se a produção de café é sustentável na África”. O declínio, que tem visto a produção cair em todos, exceto em dois países produtores da África, que são Etiópia e Uganda desde 1989, é evidente na menor representação do continente entre os principais produtores do mundo.

Apenas três países africanos – Etiópia, Uganda e Costa do Marfim – estão entre os 15 maiores produtores, comparado com seis durante o período do mercado global regulamentado. A nível de produtores, as quedas nos ganhos do setor são aparentes em uma “população envelhecendo” de produtores de café, com previsões ruins de lucratividade dissuadindo as gerações mais jovens da África da indústria.

“A idade média dos produtores rurais é de mais de 60, apesar de o continente ser dominado por um enorme número de pessoas jovens. Os jovens e educados não estão se envolvendo na produção de café devido aos baixos retornos”.

De fato, o “principal desafio” para reviver a indústria é “como mover o setor de café da África de um setor de subsistência para um setor empresarial”, disse o relatório. “Os produtores precisam de uma geração sustentável de renda e de segurança em longo prazo de seu sustento”.

Em parte, isso poderia ser ajudado por medidas para encorajar as melhoras nas práticas agronômicas, e aumentar os rendimentos de uma média de 408,7 quilos por hectare.

“À medida que o preço do mercado internacional está além do controle dos produtores de café, um aumento no rendimento deverá mitigar seus custos de produção, contribuindo, assim, para melhorar sua renda. De forma geral, a agricultura africana é caracterizada pela baixa produtividade devido à pouca fertilização do solo e à falta de manejo regular”.

Entretanto, o relatório sinalizou os recursos estatais limitados destinados a ajudar a agricultura, que em países como Angola, Gabão e Nigéria, “tem tradicionalmente sido ofuscados por setores econômicos mais atrativos, como mineração e extração de petróleo”.

Em Gana, uma das maiores economias agrícolas da África, “somente 41% dos produtores de café têm acesso a serviços de suporte técnico, ainda que esses dados aparentemente sejam muito maiores do que os dados de muitos outros países. Em muitos países, o governo não mais fornece serviços de extensão”.

O relatório também destaca as dificuldades dos produtores de café em obter créditos, além de uma “ausência ou enfraquecimento” de organizações, como cooperativa, que impulsionaria o poder de mercado na venda de colheitas e na compra de insumos, como fertilizantes.

A reportagem é do Agrimoney / Tradução por Juliana Santin

Extraido do site Cafe Point

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