“A importância do Brasil neste cenário não para de crescer”, diz Ourique

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O analista de café Frâncico Ourique faz uma análise sobre o mercado de café e o fato anunciado de que os preços atingiram a marca de 30 anos.

A recente elevação generalizada dos preços do café no mercado mundial, fato que vinha ocorrendo há dois anos para produtos vindos da América Central e Colômbia, por força de significativas quebras de safras nesses países, está atraindo cada vez mais a atenção da mídia internacional não especializada.

Existe o perigo dos analistas não setoriais começarem a tachar o comportamento do valor do café como de origem basicamente especulativa e não comandada também por fatores determinados pelos fundamentos do mercado.

Como os fundamentos do mercado que comandam a recente alta refletem a dificuldade de suprimento de produtos de boa qualidade, podemos esperar a elevação da volatilidade dos preços internacionais nos próximos meses, até que, no início do último trimestre do ano em curso, o mercado tenha mais elementos para julgar o atual squeeze de qualidade por que passa.

Não podemos perder de vista que os estoques nos países importadores ainda estão na casa dos 21,2 milhões de sacas, o fluxo das exportações mundiais em 97,5 milhões de sacas e o consumo dos países importadores na faixa de 97 milhões de sacas.

Os números estão apertados demais além de não refletirem o remanejamento de qualidade que a indústria mundial está mergulhada diante do persistente consumidor que aprendeu nos últimos anos a gostar de um bom café, movimento que retirou das indústrias a flexibilidade do passado de recompor livremente seus blends na busca de maximizar oportunidades.

E a tendência do preço e seu patamar potencial?

Até que o presente incentivo de preços não redunde em maiores produções generalizadas de café no mundo, o que deverá levar uns dois a três anos para ocorrer, não há fator de curto prazo nos fundamentos do mercado de café que possa derrubar suas cotações mundiais para níveis de dois anos atrás, patamar, que não devemos nunca esquecer, reflete o nível de equilíbrio geral.

Todavia, fatores externos aos fundamentos do mercado de café podem contribuir para desfigurar a atual tendência de alta. A mais importante a observar é a fuga de fundos da área das commodities.

A importância do Brasil neste cenário não para de crescer.

Temos diante de nós oportunidades que devem ser exploradas.

Como o mercado está ávido pela reposição de produto de qualidade é hora de o Brasil fragmentar suas possibilidades de fornecimento para atingir os segmentos da indústria que estão tendo que correr para o Brasil em substituição a origens com quebra temporária de volume e qualidade de produção.

Nesta área do Brasil tem muita a fazer e a janela que o mercado nos abriu não vai durar para sempre.

Fonte: Coffee Break

 

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