3ª Onda do Café diminui lacuna entre produtor, torrador e vendedor

Imprimir
 
Apreciadores de café estão cada vez mais atentos aos sabores, tipos, origem e novas formas de preparo da bebida. O público, ainda mais exigente, caracteriza a chamada “3ª Onda do Café”, movimento que valoriza as microtorrefações, a autenticidade e a exclusividade do produto, assim como a origem de produção e os processos pelos quais o grão passa. Com foco nesse público e nos produtores que seguem essa tendência, a Semana Internacional do Café – entre os dias 24 e 26 de setembro, no Expominas, em Belo Horizonte – traz uma programação que levará informações ao público, por meio de fóruns, palestras e seminários, sobre os diferentes tipos de cafés e as regiões de Minas que têm se destacado nessa produção.
 
 
Segundo a gerente de Agronegócios do Sebrae MG, Priscilla Lins, a 3ª Onda se caracteriza, principalmente, pela busca do conhecimento sobre as propriedades do café. Como 1ª Onda denomina-se o movimento referente à proliferação do consumo da bebida, principalmente depois da 2ª Guerra Mundial. Já a 2ª Onda é marcada pela melhoria da commodity, que priorizou grãos da espécie arábica, além da expansão do uso de máquinas de café espresso. “Atualmente, o que verificamos é que as cafeterias estão investindo em tecnologias e treinamentos de baristas para atender ao consumidor que busca qualidade e procura entender e conhecer mais sobre a qualificação da bebida, sua região de origem e peculiaridades”, ressalta.
 
 
A qualidade e as características da bebida estão diretamente relacionadas à forma de produção do café – pré-colheita e colheita, principalmente – e à sua indicação geográfica. As influências do ambiente, do processo produtivo e das pessoas envolvidas criam um fator diferenciador para o produto, que apresenta originalidade e características únicas, somente encontradas naquela região.
 
 
Em relação à Indicação Geográfica, há duas formas de classificação: IP (Indicação de Procedência) ou DO (Denominação de Origem). A primeira caracteriza-se pelo nome geográfico de um país, cidade, região ou localidade de seu território que se tenha tornado reconhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto. Já a DO, além dessas especificações, indica, ainda, que um produto ou serviço possui características essencialmente relacionadas ao meio geográfico, incluídos fatores humanos e naturais: clima, solo, relevo, altitude, etc.
 
 
Em Minas Gerais, essa classificação baseia-se em suas quatro regiões produtoras – Cerrados de Minas, Matas de Minas, Sul de Minas e Chapadas de Minas –, cujas variações ambientais e climáticas influenciam diretamente nas características do café. “É evidente a variedade de sabores e aromas de cada ambiente. O consumidor que antes valorizava marcas de confiança e produtos de qualidade, hoje busca, principalmente, originalidade, autenticidade e prazer sensorial ao consumir a bebida”, salientou o zootecnista da Unidade de Agronegócios do Sebrae, Rogério Galuppo.
 
 
Cafés Especiais
 
Entre as diversas maneiras de identificar a qualidade de um produto, pode-se dizer que a combinação de espécie e variedade, condições de solo, altitude, relevo e clima, e principalmente os cuidados durante o cultivo, colheita, secagem, classificação, armazenamento e transporte são a base primordial para definir a qualidade do que poderá ser um café especial. Já as condições climáticas são variáveis, de difícil controle e resultam na flutuação de qualidade do café de um ano para outro.
 
 
Os cafés de qualidade podem ser consagrados pela raridade de sua produção e pela reputação de sua região de origem, seja por país, por região, por estado ou mesmo por uma única propriedade rural, os chamados single-origin. A Associação de Cafés Especiais do EUA (SCAA) define um café especial como tendo máximo de cinco defeitos no grão na amostra padrão, livre de impurezas e, principalmente, no mínimo 80 pontos na escala Specialty Coffee Association of America – SCAA ou Cup of Excellence. Já no Brasil, a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) faz um trabalho identificando os cafés de maior qualidade no país, de maneira que o mercado possa se basear em uma premiação transparente para estabelecer o sobrepreço a ser pago por um café produzido com o cuidado necessário.
 
 
Cafés de Minas
 
Cerrado: Atitude empreendedora
 
Responsável por 19% da produção mineira de café, com altitudes que variam entre 800 e 1300 metros, a região conta com terroir singular e estações climáticas bem definidas, resultando em cafés com identidade única e alta qualidade. Os cafeeiros são cultivados em 55 municípios e a cidade-polo é Patrocínio, município com a maior produção de café do Brasil.
 
Aroma intenso, com notas variando de caramelo a nozes. Acidez delicadamente cítrica, similar à laranja, corpo moderado a encorpado, sabor adocicado e achocolatado e finalização de longa duração.
 
 
Sul: tradicionalmente mineiro
 
Responsável por 50% da produção mineira de café, com altitude média de 950 metros, possui relevo montanhoso e estação chuvosa definida. É a mais tradicional das regiões produtores de café do estado mineiro, englobando 155 municípios, sendo Três Pontas o principal produtor.
 
Bebida adocicada e encorpada, presença de chocolate e da acidez cítrica do limão siciliano, podendo também apresentar aroma floral.
 
 
Mantiqueira: tradição aliada à vanguarda
 
Parte integrante do Sul do estado, está situada na Serra da Mantiqueira. Apresenta altitudes que variam de 900 a 1400 metros, possui relevo montanhoso e condições climáticas propícias à produção de cafés especiais. Composta por 25 municípios, é reconhecida pela busca constante da excelência na produção de cafés raros e surpreendentes.
 
Aroma com notas de laranja-lima, corpo cremoso e denso, com sabor variando levemente de caramelo a laranja. Acidez viva, crítica, intensa e cristalina. Apresenta finalização doce, com leve toque de mel.
 
 
Matas de Minas: produção artesanal e comunitária
 
Responsável por 25% da produção mineira com altitudes entre 600 e 1300 metros, relevo montanhoso e estação chuvosa bem distribuída. Os diferentes graus de exposição ao sol das lavouras conferem aos cafés uma ampla gama de agradáveis sabores. Conta com grande tradição na cultura cafeeira. Região composta por 63 municípios, polarizada pelo município de Manhuaçu.
 
Acidez cítrica associada a uma agradável doçura, resultante da caramelização de açúcares, marcante pelo corpo e oleosidade da bebida, denotando nozes.
 
 
Chapada: excelência da cadeia produtiva
 
Responsável por 6% da produção estadual, com altitudes que variam entre 700 e 1300 metros, conta com chapadões característicos, solos ricos em matéria orgânica e pluviosidade abundante, porém concentrada. A região engloba os vales do Jequitinhonha e Mucuri e é composta por 22 municípios, sendo Capelinha seu ponto central. Bebida encorpada, com bom aroma, baixa acidez e predomínio de nuances de chocolate e nozes.
 
 
Semana Internacional do Café
 
Criada em 2013, a SIC tem como principal objetivo reunir toda a cadeia produtiva do setor cafeeiro – nacional e internacional – em prol do crescimento social e economicamente sustentável do café brasileiro. Sediada em Belo Horizonte – Minas Gerais, estado responsável por 50% da produção da safra nacional, o evento movimenta anualmente milhares de profissionais e apreciadores de todo o mundo. Promovida pela Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais – Faemg, pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas – Sebrae, pela Café Editora e pelo Governo de Minas Gerais, a SIC conta também com Patrocinadores Diamante Sistema Ocemg, Sescoop e Sistema OCB; Patrocinador Prata Sicoob Sistema Crediminas e Patrocinador Bronze Jacto.

Fonte: Sistema FAEMG

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *