15ª Agrocafé alerta para a falta de políticas para a gestão da safra brasileira

Imprimir

A necessidade urgente de revisão das estratégias governamentais para a administração da safra de café no mercado foi um dos temas mais recorrentes nos discursos de abertura do Agrocafé 2014, que começou na manhã de segunda-feira (24), no Bahia Othon Palace, em Salvador, e prossegue até a hoje, 26 de março. A 15ª edição do evento ocorre em um momento de repentina recuperação de preços, após três anos de queda.

O público teve presença maciça de produtores da agricultura familiar. Participaram da solenidade de abertura o governador da Bahia, Jaques Wagner, o deputado federal e presidente do Conselho Nacional de Café (CNC), Silas Brasileiro, o presidente da Federação da Agricultura do Estado da Bahia (Faeb), João Martins, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC), Américo Sato, o presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, e o presidente de honra da entidade, Eduardo Salles, além do prefeito de Luís Eduardo Magalhães, Humberto Santa Cruz, também ele um produtor de porte da rubiácea.

O governador enfatizou em seu discurso a presença de mais de 300 agricultores familiares e pequenos no evento, o que foi possível através da mobilização de Assocafé com Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Faeb. “Tenho muito orgulho dos cafés de qualidade que produzimos na Bahia, tantas vezes reconhecidos como dos melhores do mundo. Vejo neste evento cafeicultores de todos os portes. Para os pequenos, que hoje se concentram na produção de cafés especiais, sempre digo que, quanto mais ligados a Federações e associações estiverem, mais fortalecidos serão. Um evento como esse é a chance de muitos desses pequenos terem acesso à informação. Grandes e pequenos têm muito a compartilhar”, disse o governador, lembrando que a Bahia é o quarto maior produtor do Brasil.

Wagner elogiou o tema do evento, “A Força de uma Nação” e lembrou a importância do café para a geração de empregos e riquezas. “O café tem um papel reservado e consagrado na economia e na política brasileira”, disse. Atento aos discursos sobre a gestão da safra e do estoque, o governador ressaltou a importância do investimento em armazenagem, para que os produtores fiquem menos vulneráveis às oscilações dos preços.

Riqueza vulnerável

De acordo com João Lopes Araújo, da Assocafé, o momento não é de entusiasmo. A Bahia, explica, está saindo da maior seca de sua história e o café, como cultura perene é, foi uma das culturas mais vulneráveis à estiagem. “Foram três anos difíceis, numa coincidência perversa de produção reduzida e preços baixos. Há dois anos, alertávamos para a responsabilidade de administrar a entrada no mercado da maior safra brasileira de todos os tempos, de 55 milhões de sacas. Falhamos. A safra grande se repetiu e as falhas na gestão da entrada da safra no mercado se ampliaram. Chegamos próximo do preço de 2002, o pior da história”, afirmou.

Segundo Lopes Araújo, com as notícias dos problemas climáticos nos estados de Minas Gerais e São Paulo, o “suposto” grande estoque que derrubou os preços anteriormente, repentinamente, desapareceu. “O mercado mostrou um grande apetite para compra de café. As três milhões de sacas vendidas nos leilões de opções feitos em novembro para entrega agora, não foram entregues, pois deixou de ser interessante, diante de preços melhores no mercado”, explicou. “Somos uma riqueza vulnerável”, concluiu o presidente.

Para o deputado Silas Brasileiro, o veranico, surpreendeu o Brasil, mas não foi a única causa da mudança no mercado. “Muitos estão dizendo que a reação dos preços foi em função do veranico, mas, na verdade, se deve à politica governamental, que colocou os maiores recursos da história na cafeicultura. “A presidente Dilma autorizou a retirada através de leilões de opções de três milhões de sacas do mercado. Dissemos para ela que as opções não seriam atendidas, como não foram, pois os preços ficariam mais interessantes. Precisamos de uma politica duradoura, de médio e longo prazo. Uma política sustentável”, concluiu Silas Brasileiro.

Fonte: Jornal Expresso

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *